
O trabalho é uma reflexão sobre sua rica vivência no samba, sobre o convívio íntimo com a fina flor da Portela, com artistas geniais e seres humanos de sabedoria ímpar, como Monarco, Argemiro, Manacéia, Jair do Cavaquinho. Marquinhos, desde criança, ficou encantado com as histórias que, sabiamente, guardou como lições singulares de vida.
Esse saber vira samba, por exemplo, quando responder a uma declaração infeliz de um companheiro de ofício que, seduzido pelo caminho mais fácil e medíocre do sucesso disse, certa vez, que “raiz, se fosse boa, não ficou embaixo da terra”. “Bandeira Verde”, criada há mais de 20 anos em parceria com o craque Luiz Carlos Máximo, é uma preciosidade de resposta: “Pode tentar me podar/ pode tentar derrubar/fortalecido eu vou nascer de novo”. E tome aula de história fazer samba. A jaqueira da Portela, imortalizada por Zé Keti, a tamarineira do Cacique, a Mangueira que dá Jamelão. Eita, que bordada elegante.
Os trabalhos começam com a faixa-título, “Agbo ato”, inspirado numa visita à Nigéria, no ano passado. A expressão iorubá, segundo Marquinhos, significa o desejo de que tudo dê certo, um sinal de esperança bons tempos. - Essa viagem me fez compreender muita coisa. Uma delas é que eu tinha uma certa resistência a coisas usando o iorubá. Talvez por ser uma tradição muito atrelada à Bahia, por conta do fluxo de escravos da região da Nigéria, entre outros países, no Período Brasil Colônia. Eu fiz aquela coisa do samba carioca, da nossa herança bantu. Hoje vejo que o samba vem de todos os cantos, nasce e renasce diariamente em muitos lugares.
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