A cantora Aline Calixto, carioca enraizada em Minas Gerais e destaque na cena contemporânea do samba, virá ao Rio para interpretar sucessos de uma das suas referências sonoras: a mineira Clara Nunes - que, curiosamente, fez o caminho inverso ao seu, e morou no Rio por quase metade de sua curta vida. Na sexta-feira, dia 27 de setembro, às 20h, Aline apresentará o show do álbum "Clara Viva" (Selo Alma Viva) no Teatro Brigitte Blair, em Copacabana, com ingressos de R$ 20 a R$ 40.
"Clara Nunes sempre foi uma referência forte, desde a infância. Eu devia ter uns 6 anos quando tive contato pela primeira vez com a obra dela, assistindo a um show de calouros do Silvio Santos. Recordo de um quadro que trazia artistas drag queens - e eis que surgiu uma drag de Clara Nunes. Fiquei simplesmente estática em frente à televisão, admirando tudo. Depois me lembro de colocar roupa branca, um arquinho na cabeça e imitar", lembra Aline. Imitar só naquele tempo. Aline canta as músicas de Clara do jeito dela, e como canta bonito!
No roteiro estão as 12 músicas do disco, entre elas os hits "Guerreira" (Paulo César Pinheiro e João Nogueira), "Conto de Areia" (Romildo Bastos e Toninho Nascimento), mais "Morena de Angola" (Chico Buarque) e "Nação" (Aldir Blanc, João Bosco e Paulo Emilio), sambas que nunca faltam nas boas rodas por aí, além das menos conhecidas "Fuzuê" (Romildo Bastos e Toninho Nascimento) e "Afoxé para Logun" (Nei Lopes), por exemplo. Só grandes compositores, como sabemos.
O disco "Clara Viva" foi lançado na efeméride dos 40 anos de morte da cantora, em 2023. Aline pensou que seria um momento propício para dizer que Clara continua bem viva. "Canto 'Você Passa eu Acho Graça', sucesso de Ataulpho Alves e Carlos Imperial, e 'Feira de Mangaio', outro sucesso de Sivuca e Glorinha Gadelha, mas o afro-religioso pontua a maior parte do disco. E no show ainda trago mais algumas músicas sobre essa temática", adianta ela, umbandista há 17 anos.
"Clara Nunes já foi reverenciada por muitas cantoras, mas poucas ousaram trilhar caminhos não óbvios. E Aline faz isso de forma grandiosa e surpreendente, interpretando com singularidade o repertório da mais luminosa estrela da canção popular do Brasil", comenta o jornalista Vagner Fernandes, autor da biografia "Clara Nunes - Guerreira da Utopia", publicada pela Ediouro em 2007, mas circulando desde 2019 em segunda edição pela Agir.
Aline Calixto volta ao Rio onde, em 2007, no comecinho da carreira artística, venceu o concurso "Novos Bambas do Velho Samba", no bar Carioca da Gema, na Lapa. No show a ser realizado via Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Governo de Minas Gerais, com patrocínio da GASMIG, a cantora estará acompanhada por Thiago Delegado no violão e na direção musical, Marcela Nunes na flauta e Robson Batata na percussão.
0 Comentários