Tunico da Vila juntou-se ao rapper mineiro Djonga e a rapper capixaba Mary Jane para cantarem juntos suas indignaçõe sobre o racismo explícito e o genocídio na pandemia. O novo single do sambista “Fogo no Racista” e o videoclipe serão lançados pela Sony Music, dia 10 de setembro, meia-noite, em todos os aplicativos de música e no canal do Youtube do artista. O samba acompanhado de rap retrata o clamor dos protestos nas ruas pelo Brasil contra o negacionismo diante das quinhentas e setenta mil mortes na pandemia.
A música foi gravada no Rio de Janeiro, com arranjos de Jota Moraes, Boris e beats do DJ Ajax, já o videoclipe foi filmado em Queimados, na Serra, no Espírito Santo, um dos raros sítios históricos de memória negra preservados no país. O clipe também apresenta o monumento gigante do herói negro Chico Prego que comandou a luta pela liberdade em Queimados, segundo Tunico o local foi escolhido para lembrar que desde 1849 até hoje, a luta do povo negro para não morrer pelo racismo não acabou. Queimados é um museu a céu aberto das ruínas da igreja que os negros escravizados construíram com suas mãos, que foi restaurada e entregue durante a pandemia.
Na letra da parte do samba, Tunico da Vila cantou: “o negacionismo é malignidade, a fome tá comendo, chega de sofrimento, se liga aí descolonize o pensamento” e “pretas e pretos na universidade isso é fogo no racista”, a expressão faz referência ao racismo estrutural presente no Brasil. “O samba sempre esteve em consonância com o que acontece nas ruas, com o povo, estou me posicionando gravando, cantando, pra ficar registrado aí que não compactuo com os ataques a democracia, o genocídio na pandemia, o racismo estrutural e a falta de comida, o sambista precisa estar do lado do povo, o silêncio musical de muitos artistas do samba me incomoda, tirando meu pai e a Teresa Cristina, pra mim não dá, não foi assim que aprendi, quem é do samba não pode deixar de gritar junto com o povo. Quando teve golpe, na ditadura, os sambistas retrataram cantando o que o povo estava passando com os militares. Eu chamei o Djonga que é de terreiro como eu e está indignado, e a Mary Djane que é uma mulher preta consciente do seu papel, se tiver que juntar com outros irmãos musicais de outros segmentos, não vejo problema, só não pode ser negacionista, aí pra mim não dá, vim de uma casa politizada. O samba é negro, de terreiro e veio do gueto, são de lá os que estão mais sofrendo”, falou Tunico da Vila.
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